segunda-feira, 27 de junho de 2016

PARA REFLETIR


PARA REFLETIR...

FONTE: http://cultura.culturamix.com/curiosidades/miscigenacao-da-lingua-portuguesa-no-brasil

terça-feira, 31 de maio de 2016

ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS

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- Análise de um anúncio publicitário:



- Modelos de anúncios publicitários:

Filtro dos seus sonhos

Ele é utilizado para atrair energias positivas para seu ambiente, além de trazer poder e sorte para quem possui.


Encomende já o seu pelo telefone ****


Massinha de modelar caseira: facilidade e economia
DIVERSÃO PARA AS CRIANÇAS E ECONOMIA NO SEU BOLSO DENTRO DE SUA CASA

A melhor novidade na sociedade é a Massinha de modelar caseira, esta você e sua família podem fazer em sua própria casa e economizar no bolso.

Não são muitos os materiais a serem utilizados por você em casa, apenas utilizará quatro xícaras de farinha de trigo, uma xícara de sal, 1 e 1/2 xícara de água e uma colher de chá de óleo. 
Fonte: http://suelentomasi.blogspot.com.br/2013/09/massa-de-modelar-caseira-na-terapia.html
Para fazer, pegue uma tigela grande, misture todos os ingredientes e amasse bem até ficar boa para modelar. Guarde em saco plástico ou vidro bem tampado e, quando quiser, poderá utilizar. Para dar cor à massinha, compre corante para alimento e pingue algumas gotas.
O mais interessante dessa massinha de modelar caseira é que todos os ingredientes são comestíveis, então, se seus filhos, sobrinhos, amigos, ou qualquer outra criança levar a massinha até a boca, não haverá problema. Ela chama atenção de crianças um pouco maiores e até mesmo de adolescentes e adultos.
Além disso, sua família não precisará mais ir até as papelarias comprar massas de modelar artificiais. Basta ter os ingredientes e fazer em casa. É bem mais rápido, mais fácil e mais econômico!
Essa massinha também é muito usada em animações de festa infantil, na qual os animadores fazem a massinha com as crianças. Elas adoram!
Corra, e faça já a sua! Você e sua família vão adorar!

Economia e facilidades


terça-feira, 24 de maio de 2016

PRODUÇÃO DE TEXTO ORAL A PARTIR DAS IMAGENS


PRODUÇÃO DE TEXTO ORAL A PARTIR DAS IMAGENS



A atividade foi desenvolvida em grupos, onde cada integrante deveria inventar um pedaço da história através de uma imagem. Posteriormente a história foi escrita no painel.

terça-feira, 19 de abril de 2016

ATIVIDADES DE LEITURA


ATIVIDADE DE LEITURA INTERROMPIDA




ATIVIDADE RELACIONANDO TEXTO E ILUSTRAÇÃO



ATIVIDADE DE SEQUENCIAR PARTES DO TEXTO



ATIVIDADE DE PREENCHER AS LACUNAS



terça-feira, 5 de abril de 2016

TRABALHANDO O TEXTO NO SENTIDO INTERACIONISTA DA LEITURA


TRABALHANDO O TEXTO NO SENTIDO INTERACIONISTA DA LEITURA


Nessa atividade o grupo tinha que ler um conto elaborando títulos diferentes, final diferente do conto, questões de pré leitura e produção textual com diferentes sentidos das palavras.
A seguir o conto que deveria ser encontrado o título verdadeira e as suas possibilidade. E posteriormente as atividades com o conto "João e Maria"


       Entre os bichos da floresta, espalhou-se a notícia de que haveria uma festa no Céu. Porém, só foram convidados os animais que voam. 
          As aves ficaram animadíssimas com a notícia, começaram a falar da festa por todos os cantos da floresta. Aproveitavam para provocar inveja nos outros animais, que não podiam voar. 
        Um sapo muito malandro, que vivia no brejo,lá no meio da floresta, ficou com muita vontade de participar do evento. Resolveu que iria de qualquer jeito, e saiu espalhando para todos, que também fora convidado. 
       Os animais que ouviam o sapo contar vantagem, que também havia sido convidado para a festa no céu, riam dele. 
Imaginem o sapo, pesadão, não agüentava nem correr, que diria voar até a tal festa! 
          Durante muitos dias, o pobre sapinho, virou motivo de gozação de toda a floresta. 
     -Tira essa idéia da cabeça, amigo sapo. – dizia o esquilo, descendo da árvore.- Bichos como nós, que não voam, não têm chances de aparecer na Festa no Céu. 
    - Eu vou sim.- dizia o sapo muito esperançoso. - Ainda não sei como, mas irei. Não é justo fazerem uma festa dessas e excluírem a maioria dos amimais. 
        Depois de muito pensar, o sapo formulou um plano. 
      Horas antes da festa, procurou o urubu. Conversaram muito, e se divertiram com as piadas que o sapo contava. 
        Já quase de noite, o sapo se despediu do amigo: 
       - Bom, meu caro urubu, vou indo para o meu descanso, afinal, mais tarde preciso estar bem disposto e animado para curtir a festa. 
        - Você vai mesmo, amigo sapo? - perguntou o urubu, meio desconfiado. 
       - Claro, não perderia essa festa por nada. - disse o sapo já em retirada.- Até amanhã! 
       Porém, em vez de sair, o sapo deu uma volta, pulou a janela da casa do urubu e vendo a viola dele em cima da cama, resolveu esconder-se dentro dela. 
      Chegada a hora da festa,o urubu pegou a sua viola, amarrou-a em seu pescoço e voou em direção ao céu. 
         Ao chegar ao céu, o urubu deixou sua viola num canto e foi procurar as outras aves. O sapo aproveitou para espiar e, vendo que estava sozinho, deu um pulo e saltou da viola, todo contente. 
        As aves ficaram muito surpresas ao verem o sapo dançando e pulando no céu. Todos queriam saber como ele havia chegado lá, mas o sapo esquivando-se mudava de conversa e ia se divertir. 

        Estava quase amanhecendo, quando o sapo resolveu que era hora de se preparar para a "carona" com o urubu. Saiu sem que ninguém percebesse, e entrou na viola do urubu, que estava encostada num cantinho do salão. 

         O sol já estava surgindo, quando a festa acabou e os convidados foram voando, cada um para o seu destino.
         O urubu pegou a sua viola e voou em direção à floresta. 
Voava tranqüilo, quando no meio do caminho sentiu algo se mexer dentro da viola. Espiou dentro do instrumento e avistou o sapo dormindo , todo encolhido, parecia uma bola. 
        - Ah! Que sapo folgado! Foi assim que você foi à festa no Céu? Sem pedir, sem avisar e ainda me fez de bobo! 
        E lá do alto, ele virou sua viola até que o sapo despencou direto para o chão. 
        A queda foi impressionante. O sapo caiu em cima das pedras do leito de um rio, e mais impressionante ainda foi que ele não morreu. 
         Nossa Senhora, viu o que aconteceu e salvou o bichinho. 
        Mas nas suas costas ficou a marca da queda; uma porção de remendos. É por isso que os sapos possuem uns desenhos estranhos nas costas, é uma homenagem de Deus a este sapinho atrevido, mas de bom coração. 

FONTE: http://www.qdivertido.com.br/verconto.php?codigo=13

Imagem com as quatro opções de título para o conto anterior, e com as questões de pré leitura:



Final diferente do conto:
Quando as aves viram o sapo dançando e pulando no céu, sem saber como ele tinha chegado lá. Assim elas bicaram o sapinho atrevido, até ele conseguir escapar e pegar a viola. Ele começou tocar uma música, e as aves se acalmaram e ficaram dançando com o sapinho atrevido, mas de bom coração.

Produção textual com diversos sentidos:
1° palavra: Caro
Certo dia, Joaquim passeava com a sua família por uma feira de roupas. De repente ele gritou:
- Que legal essa camiseta , será que está caro?
- R$ 30,00 reais meus filhos, está caro, vamos procurar uma mais barata - respondeu seu pai.
Continuaram andando pela feira e acharam várias coisas mais baratas. Mesmo assim a conta da família saiu bem mais caro do que o pai imaginava, mas foram embora felizes.

2° palavra: Direção
Em uma viagem a uma cidade pequena, Maria estava dirigindo um automóvel, onde a  direção era cor de rosa.
Junto com ela, estava Pedro, seu filho pequeno que a questionou:
- Para que serve a direção?
- Ela serve para direcionar ou indicar para onde as rodas do carro vão, se para frente, para direita ou para esquerda. Basta girar! - respondeu Maria.
Assim, os dois seguiram a viagem.

CONTO DO JOÃO E DA MARIA

Às margens de uma extensa mata existia, há muito tempo, uma cabana pobre, feita de troncos de árvore, na qual morava um lenhador com sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do primeiro casamento. O garoto chamava-se João e a menina, Maria.
A vida sempre fora difícil na casa do lenhador, mas naquela época as coisas haviam piorado ainda mais: não havia comida para todos.
— Minha mulher, o que será de nós? Acabaremos todos por morrer de necessidade. E as crianças serão as primeiras…
— Há uma solução… — disse a madrasta, que era muito malvada. — Amanhã daremos a João e Maria um pedaço de pão, depois os levaremos à mata e lá os abandonaremos.
O lenhador não queria nem ouvir falar de um plano tão cruel, mas a mulher, esperta e insistente, conseguiu convencê-lo.
No aposento ao lado, as duas crianças tinham escutado tudo, e Maria desatou a chorar.
— Não chore — tranqüilizou-a o irmão — Tenho uma idéia.
Esperou que os pais estivessem dormindo, saiu da cabana, catou um punhado de pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da lua e as escondeu no bolso. Depois voltou para a cama.
No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta acordou as crianças.
As crianças foram com o pai e a madrasta cortar lenha na floresta e lá foram abandonadas.
João havia marcado o caminho com as pedrinhas e, ao anoitecer, conseguiram voltar para casa.
O pai ficou contente, mas a madrasta, não. Mandou-os dormir e trancou a porta do quarto. Como era malvada, ela planejou levá-los ainda mais longe no dia seguinte.
João ouviu a madrasta novamente convencendo o pai a abandoná-los, mas desta vez não conseguiu sair do quarto para apanhar as pedrinhas, pois sua madrasta havia trancado a porta. Maria desesperada só chorava. João pediu-lhe para ficar calma e ter fé em Deus. 
Antes de saírem para o passeio, receberam para comer um pedaço de pão velho. João, em vez de comer o pão, guardou-o.
Ao caminhar para a floresta, João jogava as migalhas de pão no chão, para marcar o caminho da volta.
Chegando a uma clareira, a madrasta ordenou que esperassem até que ela colhesse algumas frutas, por ali. Mas eles esperaram em vão. Ela os tinha abandonado mesmo!
- Não chore Maria, disse João. Agora, só temos é que seguir a trilha que eu fiz até aqui, e ela está toda marcada com as migalhas do pão. 
Só que os passarinhos tinham comido todas as migalhas de pão deixadas no caminho.
As crianças andaram muito até que chegaram a uma casinha toda feita com chocolate, biscoitos e doces. Famintos, correram e começaram a comer. 
De repente, apareceu uma velhinha, dizendo: - Entrem, entrem, entrem, que lá dentro tem muito mais para vocês. 

Mas a velhinha era uma bruxa que os deixou comer bastante até caírem no sono e confortáveis caminhas. 

Quando as crianças acordaram, achavam que estavam no céu, parecia tudo perfeito. 
Porém a velhinha era uma bruxa malvada que e aprisionou João numa jaula para que ele engordasse. Ela queria devorá-lo bem gordo. E fez da pobre e indefesa Maria, sua escrava. 
Todos os dias João tinha que mostrar o dedo para que ela sentisse se ele estava engordando. O menino, muito esperto, percebendo que a bruxa enxergava pouco, mostrava-lhe um ossinho de galinha. E ela ficava furiosa, reclamava com Maria:
- Esse menino, não há meio de engordar. 
- Dê mais comida para ele! 
Passaram-se alguns dias até que numa manhã assim que a bruxa acordou, cansada de tanto esperar, foi logo gritando:
- Hoje eu vou fazer uma festança. 
- Maria, ponha um caldeirão bem grande, com água até a boca para ferver. 
- Dê bastante comida paro seu o irmão, pois é hoje que eu vou comê-lo ensopado. 
Assustada, Maria começou a chorar. 
— Acenderei o forno também, pois farei um pão para acompanhar o ensopado. Disse a bruxa. 
Ela empurrou Maria para perto do forno e disse: 
_Entre e veja se o forno está bem quente para que eu possa colocar o pão.
A bruxa pretendia fechar o forno quando Maria estivesse lá dentro, para assá-la e comê-la também. Mas Maria percebeu a intenção da bruxa e disse:
- Ih! Como posso entrar no forno, não sei como fazer? 
- Menina boba! disse a bruxa. Há espaço suficiente, até eu poderia passar por ela.
A bruxa se aproximou e colocou a cabeça dentro do forno. Maria, então, deu-lhe um empurrão e ela caiu lá dentro . A menina, então, rapidamente trancou a porta do forno deixando que a bruxa morresse queimada.
Mariazinha foi direto libertar seu irmão.
Estavam muito felizes e tiveram a ideia de pegarem o tesouro que a bruxa guardava e ainda algumas guloseimas .
Encheram seus bolsos com tudo que conseguiram e partiram rumo a floresta.
Depois de muito andarem atravessaram um grande lago com a ajuda de um cisne.
Andaram mais um pouco e começaram a reconhecer o caminho. Viram de longe a pequena cabana do pai.
Ao chegarem na cabana encontraram o pai triste e arrependido. A madrasta havia morrido de fome e o pai estava desesperado com o que fez com os filhos.
Quando os viu, o pai ficou muito feliz e foi correndo abraça-los. Joãozinho e Maria mostraram-lhe toda a fortuna que traziam nos seus bolsos, agora não haveria mais preocupação com dinheiro e comida e assim foram felizes para sempre.

FONTE: http://www.qdivertido.com.br/verconto.php?codigo=4


Foi realizada a seguinte análise no sentido sociointeracionista:






QUADRO COMPARATIVO DOS MODELOS DE LEITURA


QUADRO COMPARATIVO DOS MODELOS DE LEITURA



Referência Bibliográfica: 
ALMEIDA, Maria de Fátima. As multifaces da leitura: a construção dos modos de ler. Graphos. João Pessoa, v. 10, n. 1, 2008 - ISSN 1516-1536

terça-feira, 29 de março de 2016

INTERPRETAÇÃO DO CONTO "NO RETIRO DA FIGUEIRA"

NO RETIRO DA FIGUEIRA

Moacyr Scliar


            Sempre achei que era bom demais. O lugar, principalmente. O lugar era... era maravilhoso. Bem como dizia o prospecto: maravilhoso. Arborizado, tranqüilo, um dos últimos locais – dizia o anúncio – onde você pode ouvir um bem-te-vi cantar. Verdade: na primeira vez que fomos lá ouvimos o bem-te-vi. E também constatamos que as casas eram sólidas e bonitas, exatamente como o prospecto as descrevia: estilo moderno, sólidas e bonitas. Vimos os gramados, os parques, os pôneis, o pequeno lago. Vimos o campo de aviação. Vimos a majestosa figueira que dava nome ao condomínio: Retiro da Figueira.
         Mas o que mais agradou à minha mulher foi a segurança. Durante todo o trajeto de volta à cidade – e eram uns bons cinqüenta minutos – ela falou, entusiasmada, da cerca eletrificada, das torres de vigia, dos holofotes, do sistema de alarmes – e sobretudo dos guardas. Oito guardas, homens fortes, decididos – mas amáveis, educados. Aliás, quem nos recebeu naquela visita, e na seguinte, foi o chefe deles, um senhor tão inteligente e culto que logo pensei: “ah, mas ele deve ser formado em alguma universidade”. De fato: no decorrer da conversa ele mencionou – mas de maneira casual – que era formado em Direito. O que só fez aumentar o entusiasmo de minha mulher.

         Ela andava muito assustada ultimamente. Os assaltos violentos se sucediam na vizinhança; trancas e porteiros eletrônicos já não detinham os criminosos. Todos os dias sabíamos de alguém roubado e espancado; e quando uma amiga nossa foi violentada por dois marginais, minha mulher decidiu – tínhamos de mudar de bairro. Tínhamos de procurar um lugar seguro.
         Foi então que enfiaram o prospecto colorido sob nossa porta. Às vezes penso que se morássemos num edifício mais seguro o portador daquela mensagem publicitária nunca teria chegado a nós, e, talvez... Mas isto agora são apenas suposições. De qualquer modo, minha mulher ficou encantada com o Retiro da Figueira. Meus filhos estavam vidrados nos pôneis. E eu acabava de ser promovido na firma. As coisas todas se encadearam, e o que começou com um prospecto sendo enfiado sob a porta transformou-se – como dizia o texto – num novo estilo de vida.
         Não fomos os primeiros a comprar casa no Retiro da Figueira. Pelo contrário; entre nossa primeira visita e a segunda – uma semana após – a maior parte das trinta residências já tinha sido vendida. O chefe dos guardas me apresentou a alguns dos compradores. Gostei deles: gente como eu, diretores de empresa, profissionais liberais, dois fazendeiros. Todos tinham vindo pelo prospecto. E quase todos tinham se decidido pelo lugar por causa da segurança.
         Naquela semana descobri que o prospecto tinha sido enviado apenas a uma quantidade limitada de pessoas. Na minha firma, por exemplo, só eu o tinha recebido. Minha mulher atribuiu o fato a uma seleção cuidadosa de futuros moradores – e viu nisso mais um motivo de satisfação. Quanto a mim, estava achando tudo muito bom. Bom demais.
         Mudamo-nos. A vida lá era realmente um encanto. Os bem-te-vis eram pontuais: às sete da manhã começavam seu afinado concerto. Os pôneis eram mansos, as aléias ensaibradas estavam sempre limpas. A brisa agitava as árvores do parque – cento e doze, bem como dizia o prospecto. Por outro lado, o sistema de alarmes era impecável. Os guardas compareciam periodicamente à nossa casa para ver se estava tudo bem – sempre gentis, sempre sorridentes. O chefe deles era uma pessoa particularmente interessada: organizava festas e torneios, preocupava-se com nosso bem-estar. Fez uma lista dos parentes e amigos dos moradores – para qualquer emergência, explicou, com um sorriso tranqüilizador. O primeiro mês decorreu – tal como prometido no prospecto – num clima de sonho. De sonho, mesmo.
         Uma manhã de domingo, muito cedo – lembro-me que os bem-te-vis ainda não tinham começado a cantar – soou a sirene de alarme. Nunca tinha tocado antes, de modo que ficamos um pouco assustados – um pouco, não muito. Mas sabíamos o que fazer: nos dirigimos, em ordem, ao salão de festas, perto do lago. Quase todos ainda de roupão ou pijama.
         O chefe dos guardas estava lá, ladeado por seus homens, todos armados de fuzis. Fez-nos sentar, ofereceu café. Depois, sempre pedindo desculpas pelo transtorno, explicou o motivo da reunião: é que havia marginais nos matos ao redor do Retiro e ele, avisado pela polícia, decidira pedir que não saíssemos naquele domingo.
         – Afinal – disse, em tom de gracejo – está um belo domingo, os pôneis estão aí mesmo, as quadras de tênis...
          Era mesmo um homem muito simpático. Ninguém chegou a ficar verdadeiramente contrariado.
         Contrariados ficaram alguns no dia seguinte, quando a sirene tornou a soar de madrugada. Reunimo-nos de novo no salão de festas, uns resmungando que era segunda-feira, dia de trabalho. Sempre sorrindo, o chefe dos guardas pediu desculpas novamente e disse que infelizmente não poderíamos sair – os marginais continuavam nos matos, soltos. Gente perigosa; entre eles, dois assassinos foragidos. À pergunta de um irado cirurgião o chefe dos guardas respondeu que, mesmo de carro, não poderíamos sair; os bandidos poderiam bloquear a estreita estrada do Retiro.
         – E vocês, por que não nos acompanham? – perguntou o cirurgião.
          – E quem vai cuidar da família de vocês? – disse o chefe dos guardas, sempre sorrindo.
          Ficamos retidos naquele dia e no seguinte. Foi aí que a polícia cercou o local: dezenas de viaturas com homens armados, alguns com máscaras contra gases. De nossas janelas nós os víamos e reconhecíamos: o chefe dos guardas estava com a razão.
          Passávamos o tempo jogando cartas, passeando ou simplesmente não fazendo nada. Alguns estavam até gostando. Eu não. Pode parecer presunção dizer isto agora, mas eu não estava gostando nada daquilo.
          Foi no quarto dia que o avião desceu no campo de pouso. Um jatinho. Corremos para lá.
          Um homem desceu e entregou uma maleta ao chefe dos guardas. Depois olhou para nós – amedrontado, pareceu-me – e saiu pelo portão da entrada, quase correndo.
          O chefe dos guardas fez sinal para que não nos aproximássemos. Entrou no avião. Deixou a porta aberta, e assim pudemos ver que examinava o conteúdo da maleta. Fechou-a, chegou à porta e fez um sinal. Os guardas vieram correndo, entraram todos no jatinho. A porta se fechou, o avião decolou e sumiu.
         Nunca mais vimos o chefe e seus homens. Mas estou certo que estão gozando o dinheiro pago por nosso resgate. Uma quantia suficiente para construir dez condomínios iguais ao nosso – que eu, diga-se de passagem, sempre achei que era bom demais.


SCLIAR, Moacyr. No retiro da Figueira. In: Contos Contemporâneos. Seleção de Regina Zibermann. 6 ed. São Paulo: Global, 2003.


ATIVIDADES:
- Elabore, pelo menos, duas questões para cada etapa de compreensão do texto:

1. Pré-leitura
a) Quando você lê o título do conto, pensando em suas experiências, o que a palavra “retiro” representa para você?
b)
  Que ideia a palavra “no” expressa no título “Retiro da Figueira”?

2.  Leitura (como será realizada a leitura)
a)
 Os alunos farão uma leitura individual e silenciosa, destacando aspectos interessantes.
b)
 Depois
 o texto será relido pela professora e discutido com a turma toda.

3. Busca de informações no texto (explícitos)
a)
 Diga as características do Retiro da Figueira e destaque quais delas fizeram com que as personagens do conto optassem pelo local e por quê.
b) Todas as pessoas poderiam morar no Retiro da Figueira? Por quê? Retire um fragmento do texto que exemplifique sua resposta.
c)
 A partir da leitura do título e da primeira parte do conto, o que parecia ser o Retiro? Foi a mesma ideia que o final do conto expressou? Por quê?

4. Estudo do texto (inferências)
a) Quais relações que são possíveis fazer entre o Retiro da Figueira e as notícias que lemos nos meios de comunicação?
b) Na sua opinião, o que é o Retiro da Figueira?
c) O autor fala várias vezes em “prospecto”. O que você acredita que significa e por que, na sua opinião, o autor repete tanto essa palavra?

terça-feira, 1 de março de 2016

ALGUMAS REFERÊNCIAS


ALGUMAS REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Maria de Fátima. As multifaces da leitura: a construção dos modos de ler. Graphos. João Pessoa, v. 10, n. 1, 2008 - ISSN 1516-1536
BRANDÃO, S. V. Laboratório de redação: para séries iniciais do ensino fundamental. São Paulo: Paulinas, 2003.
NASPOLINI, A. T. Tijolo por Tijolo: prática de ensino de língua portuguesa. São Paulo: Editora FTD, 2010.
Licença Creative Commons
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